Matar-me...
É claro que já pensei.
Pois,
medo da morte nunca tive. Viver sim e assim me dá receios de continuar vivo.
Daí
então só preciso decidir de que maneira farei minha transição última, final e afinal.
Pensei
em enforcar-me, pelo meu próprio e único pescoço. E já decidido, saí em busca
de uma corda como elemento fundamental para executar meu intento. Estive em
vários shoppings, procurei em vários sites de busca. E tal qual não fora minha decepção em
descobrir, que não existe corda para quem deseja usá-la para seu último ato de
uso.
Pois as cordas que existem são feitas para: poço, puxar veículos
enguiçados e balanço de crianças. E é sem espanto que notei que todas são fabricadas
sem beleza, charme, elegância e o pior sem garantia comprovada por ex-suicidas.
É
claro... Porque não um tiro único e fatal, e, como se trata de meu
auto-suicídio, teria o tiro que ser certeiro e desferido por mim mesmo. E só de
pensar no barulho que o mesmo faria no interior de meu ouvido e tímpano
esquerdo e dá possibilidade de uma possível infecção purulenta, abandonei essa
alternativa.
Eureca...
Atirar-me do alto da Torre Eifel, do Cristo Redentor, do histórico Empire
States ou de uma daquelas altas torres de Dubai. Só encontrei um problema,
morro só de pensar em alturas.
Cortar
os pulsos... Como não pensei nisso?! Novamente dois problemas surgiram o
primeiro é que não suporto ver sangue e não fosse um dos fortes motivos tirar
uma mancha de sangue de uma camisa branca de puro algodão é quase impossível. E
o segundo seria o de ter que usar uma gilete e com isso pagar pelo absurdo que
estão cobrando por uma lamina quase insignificante.
Chequei
ao cumulo de pensar em rasgar Euclides da Cunha e Jorge Amado na frente e na
presença do doente pelos mesmos, Aristides Theodoro. Mas em seguida tirei tal
pensamento de minha linda, iluminada, charmosa e humilde cabeça, pois minha
alma não descasaria em saber que Aristides poetizasse, com tristeza, em suas
escritas a maior das desgraças latinas. Se o ato fosse acontecido.
Enfim,
como se todas as possibilidades falhas não fossem pouco. Tem as prestações do
carro a serem pagas, tem a reunião na escola dos meus filhos, tenho horário
marcado com a podólaga para extrair uma unha encravada. E como poderia viver
sem os pasteis da feira de terça-feira e o dueto perfeito que o mesmo faz com o
caldo de cana, e, da inseparável azia que ambos, deliciosamente, causam.
Enfim
II, na verdade a minha não covardia, mas minha falta gritante de coragem em me
auto-matar-me pelo meu próprio auto-suicídio. É a de ter a consciência que só
de pensar em ficar embaixo da terra: sem companhia, sem acesso ao meu pingado e
pão com manteiga, sem espaço, sem ar e em total escuridão, solidão e isolamento.
Morreria definitivamente !!!
Suicidar-se
é a forma mais perfeita de se auto-foder !!!
Cecél
Garcia
Quase verão de 2012.